7º Encontro Internacional de Música e Mídia: MESAS REDONDAS

MESAS-REDONDAS
Mesa redonda 1: A memória da música
A Biblioteca da ECA e o tratamento dos documentos musicais
Marina Macambyra
A importância dada aos documentos musicais e audiovisuais é uma das características mais marcantes da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP, que começou a formar acervos desses documentos no final dos anos 1960. A Biblioteca desenvolve padrões próprios para o tratamento de gravações sonoras, partituras, imagens fixas e imagens em movimento. Os manuais criados para divulgação dessas metodologias estão publicados no website da Biblioteca. As novas regras internacionais de catalogação de documentos trazem boas perspectivas para a Biblioteca da ECA, pois sua forma de trabalho está mais próxima das novas normas do que das antigas.
Acervos musicais: organização e disseminação
Liliana Giusti Serra
A apresentação versará sobre as formas de organização de acervos musicais, cuidados com preservação, níveis descritivos, variedade de suportes e acesso público, enfocando a experiência desenvolvida no acervo do crítico José Ramos Tinhorão, depositado no Instituto Moreira Salles.
Três Emissoras Paulistanas, suas memórias e histórias
Cecilia Miglorancia e Marta Fonterrada
Pretendemos fazer um recorte de uma época em emissoras de rádio musicais paulistanas, que no decorrer de suas histórias tiveram – em algum momento – preocupação com a qualidade dos produtos oferecidos ao público. Focaremos principalmente na parte musical e de entretenimento. Apontamos  a Rádio 3 emissoras, que tiveram seus tempos gloriosos em períodos distintos, são elas a Rádio Gazeta, que teve programas eruditos, com orquestra própria e corpos estáveis; a Rádio Eldorado, que com o final da Gazeta, dedicou parte de sua programação à música de concerto e, por fim a Cultura FM, emissora que ainda oferece ao público este tipo de música.
Mesa redonda 2: A  música memorável
A escrita vocal e a memória em duas obras de Eric Whitacre
Silvia Cabrera Berg
A utilização da mídia como meio de divulgação e performance de obras corais, e a tradição da escrita vocal e utilização da memória na escrita de obras vocais através da análise de algumas obras vocais de Eric Whitacre.
Madrigal Ars Viva, 50 anos
Roberto Martins
A exposição apresentará a trajetória do Madrigal Ars Viva, reconhecido internacionalmente, não apenas pela excelência artística, mas também pela orientação estética de divulgar a boa música menos cantada: a mais antiga (anterior à Renascença) e a contemporânea.  Graças a essa particularidade, o Madrigal tem,em seu currículo, a estreia de importantes obras, tais como “nascemorre” e “Motete em Ré Menor”, de Gilberto Mendes.
Roberto Martins é o regente titular há mais de três décadas,  tendo sido discípulo do regente-fundador, Klaus Dieter-Wolff.  Nesta mesa redonda, Martins terá a oportunidade relatar a história do  Ars Viva e sua experiência como regente e compositor.
Mesa redonda 3: a música como memória
Memória da canção no ABC: bolero e samba em dois compositores locais
Herom Vargas
A comunicação tem o objetivo de discutir alguns aspectos das canções de dois compositores do ABC paulista nas décadas de 1950 e 1960, Osvaldo Varoli e Romeu Tonelo, de origens operárias. Suas composições são representativas do gosto poético-musical do período em que surgiram e se consolidaram quatro emissoras de rádio na região: Rádio Clube e Rádio Emissora ABC (atual Rádio ABC), ambas em Santo André e inauguradas em 1953, Rádio Independência, de São Bernardo do Campo, criada em 1957, e Rádio Cacique, colocada no ar em 1958 em São Caetano do Sul.
Samba de Raiz: uma luz no compasso da cidadania 
Cristina Schmidt
Felipe Brito, Antonio Erick Gomes da Silva, Daniel Cosmo Balbino, Jefferson Kitagawa
A conquista pela cidadania perpassa os diferentes níveis de estruturação social, e é perceptível como as manifestações culturais contribuem para a sobrevivência em comunidade. A busca das raízes do Samba para a sobrevivência de referências culturais é uma forma de fortalecimento grupal. Isso ocorre por uma questão de identificação cultural, mas também por um posicionamento econômico e político na sociedade. Esse artigo traz algumas considerações sobre como as novas gerações vão incorporando esses valores e pouco a pouco criando seus próprios matizes nas produções musicais; e, como as raízes históricas vão dando sentido às suas necessidades e impasses culturais do momento presente.  Por meio de uma observação em campo, foi possível visualizar como essa dinâmica possibilita a reflexão do grupo sobre seu espaço cultural e, principalmente, como o Samba de Vela pode iluminar suas expressões no compasso da cidadania.
Música brasileira, internet e memória
Ricardo Tacioli
A exposição trata como a internet e o meio digital depois dos anos 2000 têm criado e ampliado condições para a preservação e divulgação sistemática da história e da produção da música popular brasileira. São consideradas e detalhadas duas experiências do palestrante: o site Gafieiras (www.gafieiras.com.br) e o portal Cultura Brasil (www.culturabrasil.com.br).
O primeiro é um site de longas entrevistas com agentes da música brasileira, independentemente do estilo ou gênero musical. A intenção é compreender os múltiplos universos de criação artística dos entrevistados, verbalizados e refletidos pelos próprios. Prestes a celebrar seu décimo aniversário no fim de 2011 com a publicação de um novo site e de dez novas entrevistas, o Gafieiras já colocou no mesmo ambiente virtual e editorial figuras tão distintas quanto Sivuca, Frank Aguiar, Lindomar Castilho, Los Hermanos, Luiz Melodia, Mônica Salmaso, Hermínio Bello de Carvalho, Fernando Faro, Ritchie, Thaíde, Jards Macalé, Germano Mathias e Inezita Barroso.
O segundo é o portal da Rádio Cultura Brasil, antiga Rádio Cultura AM (1200 KHz), emissora dedicada à música popular brasileira da Fundação Padre Anchieta. Inaugurado em abril de 2010, o portal Cultura Brasil publica os conteúdos produzidos e veiculados pela Rádio, como também aqueles desenvolvidos exclusivamente para a internet. Esta nova realidade virtual redimensionou a produção e o alcance de uma rádio originalmente de amplitude modulada.
A partir desses relatos será possível discutir outras experiências internéticas bem-sucedidas empreendidas por blogs e sites especializados que equacionam música popular brasileira, sua divulgação e memória.
O Samba Paulista E Suas Histórias.(Textos, depoimentos orais, músicas e imagens na reconstrução da trajetória de uma manifestação da cultura popular paulista.)
Olga von Simson
Este texto tem uma relação direta com as músicas que foram produzidas, pelos grupos negros da cidade, desde o início do século XX, até a contemporaneidade. Trata-se de uma comunicação exemplificada com gravações referentes ao tema.
Mesa redonda 4: A memória pela música
Cérebro, emoção, memória e música: o olhar da Neurociência.
Edson Amâncio
A ideia é abrir uma ampla discussão sobre o papel da memória na música, na musicofilia e as relações entre música, comportamento, memória e cérebro. Vamos apresentar alguns casos clínicos em que a música desempenhou papel preponderante na sobrevivência como ser humano de pacientes com lesões cerebrais irreversíveis, bem como pacientes que tiveram seus desastres corporais anunciados por músicas.
Relacionando Música e Memória: uma breve introdução
Pedro Paulo Kohler Bondesan dos Santos
Quando ouvimos a expressão memória musical, logo vem à mente a
questão dos acervos, de resgate e documentação de expressões que estão se perdendo, ou já foram perdidas. Também ocorre a associação com eventos da vida individual de cada um de alguma forma relacionados à música, ou a músicas que marcaram gerações inteiras, como o rock, os Beatles entre outros. Abordando conceitos sobre a memória relacionados à música, oferecemos uma primeira abordagem sobre o tema que se destina à comunidade musical. A partir das concepções de Daniel Levitin e David Huron, discutimos basicamente três tipos de memória:
memória de curto termo, memória episódica e memória semântica.
Tempo e memória: contribuições a uma filosofia cognitiva da música
Mauricio Dottori
A tentativa de refundar diversos estudos tradicionais em novas disciplinas a partir da ótica da cognição está há alguns anos muito em moda na academia. Mas como em todo pensamento científico, os princípios de uma disciplina são também suas limitações. Os estudos cognitivos nasceram, nos anos 50, de um modelo dúplice: do paradigma cartesiano que embasa as ciências modernas e da idéia de que o modelo computacional seria adequado à explicação da mente. Ao aplicar este modelo à música surgem imediatamente duas dificuldades, decorrentes do mundo mesmo, que é por um lado permeado de ruído informacional e, por outro, não se manifesta, necessariamente, à nossa mente por construções simbólicas crescentemente complexas que partem de impressões dele em nossos sentidos. Nesta mesa gostaria de focar no tema do simpósio, na memória — enquanto esta informa todos os processos da consciência — e música — naquilo que esta nos sugere um modelo para a cognição do mundo que, talvez, permita-nos superar o paradoxo do quiliágono, da figura plana com mil faces, apresentado por Descartes na Sexta Meditação. Pois a música nos sugere uma compreensão da informação também pré-simbólica, isto é, decorrente de ordenamentos de simetrias e categorizações conformados pela evolução. Como contraponto, apresentaremos as visões de santo Agostinho e de Adorno, da relação entre memória, tempo e música, para melhor delimitar os limites da abordagem cognitiva.
Paisagem sonora, memória e história: um ensaio sobre sons familiares.
Pedro Paulo Salles
O presente ensaio pretende discutir as implicações de algumas concepções de história, memória e mito para o estudo sobre a paisagem sonora da infância. Além disso, considerando que a paisagem sonora não é só aquela que se ouve num dado momento, mas também aquela já ouvidanum passado longínquo ou próximo, por um determinado indivíduo ou grupo social, buscamos compreender significações que residem na articulação entre memória e sons do ambiente.
Memória acústica
Eduardo Peñuela Cañizal