Os temas estudados no âmbito do Centro englobam várias frentes de atuação. Dentre elas, a performance: o corpo do músico e suas diversas mediações, ao longo da história. O papel da tecnologia nos processos da comunicação poética; a concepção de instrumento musical e sua interpolação com as diversas mídias sonoras existentes ou obsoletas (microfone, amplificação, alta-fidelidade); as variações dos padrões de escuta e dos padrões de gosto e sensibilidade estética, propiciados pela introdução das diferentes mídias sonoras (os diferentes estágios da evolução tecnológica); paisagem sonora: a transformação sofrida pelo meio ambiente acústico, em determinado contexto sócio-histórico-cultural e suas consequências no que toca à formação de novos padrões estéticos; as múltiplas interfaces da linguagem musical com outras linguagens artísticas e outras mídias; a música na mídia como elemento de memória cultural e musical; os cruzamentos possíveis de gêneros (fusão, cross over, hibridismo, mestiçagem entre outros); as relações entre criação artística, público, políticas culturais e criação de padrões estéticos; a canção das mídias ante o mundo contemporâneo (globalizado): questões de identidade e vínculo afetivo; a constituição de valores estáveis na era do efêmero; a música e seu papel crucial como elemento privilegiado da mega-indústria do entretenimento.
MÚSICA: MEMÓRIA DA CULTURA
Considera-se que, a princípio, a música é linguagem autônoma, sem vínculos diretos com o objeto de referência. A despeito disso, os processos socioculturais tendem construir associações simbólicas. Esta linha se ocupa, em especial, do universo simbólico dos diversos gêneros musicais, com destaque para a canção, em virtude de sua forte presença na cultura. Dada a sua capacidade de movência e os processos de nomadismo, bem como sua estabilização como signos de natureza simbólica, a canção mantém sua presença na paisagem sonora, contribuindo para a permanência e a longevidade dos signos. A linguagem musical favorece a elaboração de construções semânticas, ao gerar signos duradouros (musemas; tópicas musicais), de extrema relevância para os estudos semióticos da cultura. Esta linha de pesquisa se dedica ao estudo de tais relações.
CANÇÃO: MEMÓRIA NOMADISMO, SUBJETIVIDADE
A canção, não importando sua natureza, é um compósito de música e letra. Consideramos que a canção é uma das formas de expressão constante e estável na cultura midiática – daí a relevância no seu estudo. Não importando sua natureza, a canção é um compósito de letra e música. Se a música constitui linguagem autorreferente (apesar da nossa tendência a lhe impor sentidos…), a letra, de outra parte, expressa, denotativa ou conotativamente, uma intenção, uma mensagem específica, dependendo da natureza da canção. Tanto a música quanto a letra passam por transformações no tempo e no espaço (devido à capacidade de movência das obras), gerando ressignificações, que s dão pelo processo de nomadismo. Esta linha tem como meta estudar os diferentes processos de nomadismo na canção e suas diversas implicações de natureza estética, com ênfase na abordagem semiótica.
MÚSICA: HISTÓRIA ESTÉTICA E PERFORMANCE
A princípio, toda música é mediatizada, de alguma maneira: desde sua forma de fixação (papel, meios eletromagnéticos etc.). A partir desses registros, é possível se conceber o desenvolvimento da linguagem musical, seu percurso histórico, através da performance e das partituras. Ocorre que muito da história da música não se encontra nas partituras. Nesse ponto, fontes subsidiárias como iconografia, matérias em periódicos, obras literárias fornecem informações relevantes acerca da estética da época em que a obra foi concebida ou estreada, modelo interpretativo/ performático, assim como o pensamento do compositor. Esta linha de pesquisa privilegia o estudo das obras tendo como referência esse campo interdisciplinar.
MÚSICA, RECEPÇÃO E CONSUMO
A música pode considerar-se como linguagem presente – senão a mais presente – na vida cotidiana. Desde o surgimento da mediatização técnica, seu consumo só aumentou, tornando-se um dos interesses mais relevantes da indústria do entretenimento. Pelos alto-falantes em toda parte, a paisagem sonora é permeada por signos sonoros, cuja difusão e quase sempre ditada pelas grandes corporações (companhias fonográficas, serviços de streaming) nas diversas plataformas midiáticas. Em que medida a escuta desse repertório interfere nos hábitos de escuta e no processo cognitivo, as formas de atribuição de sentido concebidas pelas mediações culturais guiam esta linha de pesquisa.
MÚSICA: HIBRIDISMO, PAISAGEM SONORA PROCESSOS SÓCIO-CULTURAIS
Toda música é resultado de uma combinação de signos que se aglutinam, traduzem, sobrepõem, transformam ao longo de toda a história. Esse processo, denominado hibridação ou mestiçagem, que sempre existiu, intensificando-se a partir das Cruzadas. Ocorre que, com o surgimento das mídias, trocas, intercâmbios, processos de assimilação aumentaram em variedade, em número, passando a se dar em escala planetária e em um intervalo de tempo cada vez mais breve, sobretudo em tempos de comunicações em rede e instantâneas. Esta linha estuda os diversos níveis hibridação da música como linguagem midiática e suas repercussões, considerando-se o papel da paisagem sonora e das redes de comunicação.
SEMIÓTICA DA MÚSICA MEDIATIZADA
Através do estudo das diversas abordagens semióticas já difundidas ou em desenvolvimento, busca-se reunir elementos que permitam compreender todas as circunstâncias ligadas à composição, performance e difusão da música nas mídias, de modo a delinear as características particulares da música cuja existência se dá em forma mediatizada tecnicamente: aquela para ser escutada pelos alto-falantes, ou mesmo a que foi gerada pelas máquinas. Neste sentido, estabelecer os processos de transmutação no tempo e no espaço, as relações entre corpo e performance, mídia e tecnologia, enquanto elementos de (re)composição.
MÚSICA E LINGUAGENS AUDIOVISUAIS
A música está presente em quase todas as plataformas midiáticas. Começou como música programática. Com o surgimento do cinema e das linguagens denominadas audiovisuais (cinema, televisão, vídeo etc.), seu papel é de relevância no processo semântico, ainda que sua importância não tenha sido devidamente creditada nos estudos acadêmicos. Esta linha se dedica a estudos de natureza sonológica e semiótica das linguagens audiovisuais, com ênfase à linguagem musical.