5º Encontro de Música e Mídia: E(s)téticas do som Apresentação

5º ENCONTRO DE MÚSICA E MÍDIA:
E(ST)ÉTICAS DO SOM

APRESENTAÇÃO GERAL

O 5º Encontro de Música e Mídia é uma iniciativa do Centro de Estudos em Música e Mídia – MusiMid, que reúne pesquisadores e profissionais do meio acadêmico, de formação multidisciplinar, que têm como centro de interesse comum o estudo das múltiplas relações entre música e suas formas de comunicação e recepção.
Visando ampliar os debates e estendê-los à comunidade interessada no tema, o MusiMid vem realizando os Encontros de Música e Mídia: As múltiplas vozes da cidade (2005); Verbalidades, musicalidades: temas, tramas e trânsitos (2006), As imagens da música (2007), O Brasil dos Gilbertos: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes (2008).
Em sua quinta edição, o Encontro tem como tema “E(st)éticas do som”, dividido em quatro subtemas: 1) Som, culturas e comunicação; 2) Som, tecnologias e eletroacústica; 3) Som, discursos e mídia; 4) Música e relações de poder. O evento, científico e artístico, reúne pesquisadores, músicos (compositores, instrumentistas, cantores) e demais estudiosos das áreas que tangenciam a linguagem musical.
O objetivo do evento centra-se, prioritariamente, na promoção de debates nas áreas afins à “semiótica da música midiática”, campo de estudo ainda recente, campo teórico que se encontra, ainda, em construção. Além do intercâmbio científico, almeja-se produzir e organizar documentação a respeito dos conteúdos debatidos no evento (audiovisuais, depoimentos, debates, apresentações musicais). Com os textos publicados em anais e outras atividades registradas em áudio e vídeo (a exemplo das edições anteriores), espera-se estar-se contribuindo para os estudos sobre os temas tratados.

SOBRE O CENTRO DE ESTUDOS EM MÚSICA E MÍDIA – MUSIMID

O MusiMid teve sua origem em 2001, durante o XIII Encontro Nacional da Anppom (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música), em Belo Horizonte, quando se reuniu, pela primeira vez, o GT Música e Mídia. A partir de 2003, o grupo se constituiu formalmente e, além de atividades internas, promoveu diversas palestras e encontros. Acreditando que o fruto das reflexões e debates devem ser compartilhados com a comunidade científica e demais interessados no assunto publicou, em junho de 2007, com apoio financeiro da FAPESP, a primeira obra coletiva, assinada por participantes do Grupo e convidados do Conselho Consultivo: “Música e Mídia: novas abordagens sobre a canção” (Via Lettera/ Fapesp), organizado por Heloísa de A. Duarte Valente.
Contemplado com financiamentos do CNPq (Edital Universal) e da FAPESP (Jovem Pesquisador), uma significativa parte do Grupo vem se dedicando ao projeto A canção das mídias: memória e nomadismo, com a colaboração de especialistas de renome internacional. No ano de 2008, alguns resultados do projeto levados à comunidade científica foram o lançamento do livro Canção d’Além-Mar: o fado e a cidade de Santos (Editora Realejo/ CNPq) e Canção d’Além-Mar: o fado na cidade de Santos, pela voz de seus protagonistas (CNPq; FAPESP).
Atualmente vinculado ao Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), o MusiMid mantém diálogo permanente com outros centros de pesquisa voltados às áreas de Comunicação (CISC, Intercom, Alaic), Semiótica (ABS, IASS, CEO) e Música (Anppom, Abet, ICMS, IASPM), no Brasil e no exterior.
Os temas estudados no âmbito do Centro são: performance: o corpo do músico e suas diversas mediações, ao longo da história. O papel da tecnologia nos processos da comunicação poética; a concepção de instrumento musical e sua interpolação com as diversas mídias sonoras existentes ou obsoletas (microfone, amplificação, alta-fidelidade); as variações dos padrões de escuta e dos padrões de gosto, propiciados pela introdução das diferentes mídias sonoras (os diferentes estágios da evolução tecnológica); paisagem sonora: a transformação sofrida pelo meio ambiente acústico, em determinado contexto sócio-histórico-cultural e suas conseqüências no que toca à formação de novos padrões estéticos; as múltiplas interfaces da linguagem musical com outras linguagens artísticas e outras mídias; a música na mídia como elemento de memória cultural e musical; os cruzamentos possíveis de gêneros (fusão, cross over, hibridismo, mestiçagem entre outros); as relações entre criação artística, público, políticas culturais e criação de padrões estéticos; a canção das mídias ante o mundo contemporâneo (globalizado): questões de identidade e vínculo afetivo; a constituição de valores estáveis na era do efêmero; a música e seu papel crucial como elemento privilegiado da mega-indústria do entretenimento.

COMITÊ CIENTÍFICO

Coordenação geral
Profª. Dra. Heloísa de Araújo Duarte Valente
Prof. Dr. Paulo Chagas

Organização
Prof. Dr. Eduardo Vicente
Profª. Dra. Heloísa de Araújo Duarte Valente
Prof. Ms. Ricardo Santhiago

Comitê de leitura
Prof. Dr. Eduardo Vicente
Profª. Dra. Heloísa de Araújo Duarte Valente
Prof. Ms. Ricardo Santhiago
Profª. Dra. Simone Luci Pereira
Profa. Dra Teresinha Prada

E(ST)ÉTICAS DO SOM: O TEMA

O ano de 2009 coincide com algumas efemérides que, acreditamos, podem servir de motivação para as discussões a polarizadas no 5º Encontro: o cinqüentenário da morte de Heitor Villa-Lobos e o centenário de nascimento de Carmen Miranda, pilares na formação da música brasileira (e mundial), do século XX. Não obstante as grandes diferenças que os afastam, traços em comum entre ambos conduzem a convergências interessantes. Considerar-se que, por diferentes vieses, ambos construíram a representação do Brasil no país e do país, no exterior – fato que perdura até os dias atuais- já se anuncia como um instigante ponto de partida. Assim, ambas as figuras – tanto do compositor, músico e regente, quanto da cantora- servem de baliza para questões amplas e variadas como:
As dicotomias estéticas estabelecidas colocam em extremos polares os repertórios, divididos em: nacional/popular; popular/erudito; popular/folclórico; massivo/ culto; nacional/internacional, sério/ ligeiro. O mundo globalizado não comporta uma limitação a tais categorias, inadequadas para criação e análise de signos culturais e artísticos. Tampouco as linguagens artísticas podem ser pensadas através dessas referências.
Questionamentos de cunho político-ideológico, tais como: até que ponto o estado deve interferir na produção cultura e vice-versa? Quais os limites da tutela governamental na produção artística? É possível, no século XXI falar-se em mecenato, apadrinhamento, quando a hegemonia dos estados nacionais deixou de ser uma realidade? Nesta mesma época em que se discutem profundamente os meios de incentivo à cultura e a proteção do patrimônio imaterial, esbarra-se em severas dificuldades no que tange à definição de leis de incentivo à cultura e sua aplicabilidade.
O poder e a função da mídia na difusão de repertório e ensino da música e suas interfaces. O papel de programas de ensino e cultura: do Canto Orfeônico ao Projeto Guri . O embate entre cultura do entretenimento, assistencialismo social e educação.
Repertório, tecnologia e difusão: a música que se fixou no repertório é produto não apenas de políticas e entendimentos estéticos, dentre outros mas também resultado da evolução tecnológica e de opções de cunho estético. Ocorre que há alguns anos as multinacionais do som e da música estão em severa crise financeira em virtude do esgotamento do seu sistema.
A derrocada do estado do bem-estar social e a telemática trouxe novos hábitos cotidianos e, com isso, novas formas de relações socia
is: as mudanças de papéis, nas relações de trabalho, na organização das formas de lazer e da vida cotidiana, nas relações interpessoais.
Os modos de vida do terceiro milênio determinam distintas formas de utilização do tempo livre (lazer). Os espetáculos musicais retiveram modalidades tradicionais (ópera, concerto sinfônico), mas também introduziram novidades (notem-se os espetáculos interativos pela internet e televisão, por exemplo).
POSTAS ESTAS PROVOCAÇÕES PRELIMINARES, O EVENTO SERÁ CONSTITUÍDO DE MESAS REDONDAS, SESSÕES DE COMUNICAÇÕES, APRESENTAÇÕES MUSICAIS E OFICINAS, POLARIZADAS PELOS REFERENCIAIS QUE SEGUEM ABAIXO QUE, ACREDITAMOS, CONSTITUEM O SUBSTRATO DAS QUESTÕES QUE ACABAMOS DE MENCIONAR.

EIXOS TEMÁTICOS

I – SOM, CULTURAS E COMUNICAÇÃO

Como o som se faz música e esta faz interagir performance e composição. Da percepção diferenciada chega-se a uma nova recepção. As linguagens e formas de expressão consideradas tradicionais (de longa duração, estáveis, entenda-se): O teatro, o ‘show’ de variedades, cabaré e ‘music hall’, cinema, telenovela, mega-shows, competições. O mainstream (pop,axé), o exótico (world music), As paisagens sonoro-culturais, compostas pela música.

II – TECNOLOGIA, PERCEPÇÃO, ESTÉTICAS DO SOM
A compreensão dos novos modos de criação, distribuição e escuta musical da sociedade digital. As múltiplas interações do som electroacústico na paisagem sonora contemporânea.. Música eletrônica, raves, musica eletroacústica, desenho sonoro, vídeo games, a conectividade musical da internet o som dos telefones celulares, ringtones, os campos híbridos de criatividade musical e sonora queantecipam novas tendências da sociedade.

III – SOM, DISCURSOS E MÍDIA
O “ruído sagrado” (Schafer).Como, através do som e da música, se detém, perde, repassa, multiplica o poder político e de policia: crítica, mídia, gravadoras, difusão (pensar na globalização), gêneros representativos O som ininterrupto e o seqüestro do silêncio e a formação da ansiedade participativa, através do ruído .

IV – MÚSICA E RELAÇÕES DE PODER
A importância de se revisar a história, a teoria e análise musical a fim de se incorporar a subjetividade das relações entre música, poder e violência. A política econômica da música reflete sobre a subjetividade do poder e a “imperfeição material e social do mundo que habitamos”, Susan McClary). A criatividade musical como um paradigma dos processos sociais.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.