Cultura / Políticas Públicas: a conexão acadêmica
– 12 a 14 setembro 2012 –
Abertura: 12 de setembro de 2012, 18h, na Sala da Congregação da Escola de Música, UFRJ
Programação principal: quinta e sexta-feira, 13 e 14 de setembro de 2012, 9h às 18h- Salão Pedro Calmon, Fórum de Ciência e Cultura, UFRJ
Na medida em que as certezas sobre a natureza e importância contemporâneas do conhecimento se abalam e se transformam, a harmonia em torno do que a universidade faz e sua importância para o país é colocada em xeque. Por outro lado, o tema das políticas culturais já é conhecido, mas a universidade avançou pouco no exame de seu papel, best practices e as novas possibilidades diante do novo quadro político da cultura.
Este seminário propõe a discussão desse ponto cego, com a participação de pesquisadores, gestores e ativistas (muitos dos quais exercem ou já exerceram mais de um desses papeis). São pessoas comprometidas com projetos e debates que tangem as atuais políticas de cultura e o problema da democratização da sociedade brasileira. O propósito é de rever a atual situação da academia, no nexo de relações entre o Estado e a sociedade civil em que atores acadêmicos vêm tendo um papel importante e mutante, nos últimos anos e décadas. O debate enfocará também o impacto sobre o pensamento universitário brasileiro das novas políticas de inclusão e massificação da educação superior.
O evento é fruto do projeto interinstitucional “Democratização Cultural e Políticas Públicas: um debate interdisciplinar”, realizado entre a UFRJ (EM e ECO), UFF (História) e UERJ (Letras) e financiado pelo edital 12/2008 (Pró-Cultura) da CAPES. Entrada franca.
PROGRAMAÇÃO
Quarta-feira, 12 de setembro, às 18h, na Escola de Música da UFRJ, na Lapa.
ABERTURA
“Poder sentar um pouco à beira da estrada” – Marcio Meirelles, Diretor do Teatro Vila Velha e ex-Secretário de Cultura da Bahia
Quinta-feira, 13 de setembro, das 9h às 12h30
AÇÕES, CONCEITOS E POLÍTICAS DE PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL: A INSERÇÃO ACADÊMICA EM QUESTÃO.
A adoção pelo Brasil de uma política de “Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro” em 2000 representou um passo importante na mobilização em plano nacional de indivíduos, grupos, entidades e comunidades produtoras de saberes e fazeres de reconhecida importância à conformação de valores culturais em âmbito regional ou nacional. Ao produzir conhecimento potencialmente crítico sobre saberes e fazeres, simultaneamente atento à história das práticas a serem tomadas como objeto das políticas e às transformações em curso nas lutas cotidianas dos indivíduos e comunidades envolvidas, o mundo acadêmico tem sido desde então acionado a cumprir papel de intermediação entre ideais e práticas muitas vezes conflitantes entre os diversos atores envolvidos em políticas de PCI.
Ao painel interessam questões como:
1) Como se posicionar academicamente diante dos conflitos ético-políticos e conceituais mais frequentes em torno das políticas de PCI?
2) Quais seriam os modos através dos quais o poder público, interesses privados, organizações sociais e movimentos independentes têm se relacionado com a academia no que tange a políticas de PCI?
3) Haveria visões alternativas entre os diversos atores das políticas de PCI (movimentos, entidades, poder público) sobre qual papel das instâncias acadêmicas nesses processos?
Marta Zambrano – Departamento de Antropología, Universidad Nacional de Colombia
Claudia Marcia – Centro de Folclore e Cultura Popular, IPHAN, MinC
Antônio Carlos Vieira – Museu da Maré
Spirito Santo – Grupo Vissungo e Musikfabrik/UERJ
Quinta-feira, 13 de setembro, das 14h30 às 18h
OUTRAS EPISTEMOLOGIAS E A ACADEMIA
Há crescente consciência de que o conhecimento não é tão somente uma questão cerebral, mas deriva de muitos outros fatores e dimensões. Recorrentemente, na história cultural brasileira, os modos de pensar logocêntricos e de cunho iluminista têm sido colocados em questão pelos mais diversos atores sociais, não só entre intelectuais universitários. O esforço de entender a contribuição ao conhecimento de outros modos de pensar, na atual conjuntura brasileira, é o que anima este painel. Este momento, em que há um esforço de “massificar” a educação superior e cotas sociais e raciais são instituídas para minorar a homogeneidade sócio-racial da população estudantil, é propício para pensar como o próprio conhecimento universitário pode ser transformado com a inclusão de outras epistemologias e metodologias que normalmente são consideradas marginais ou mesmo externas à academia. Este painel poderá levantar as seguintes questões:
1. A efetiva possibilidade de diálogo entre as noções de conhecimento que ocupam o imaginário universitário e outras possibilidades do pensar como as presentes nos conhecimentos tradicionais, nas artes e nas subjetividades construídas através do corpo?
2. Diante das diversas experiências presentes no panorama contemporâneo e a crescente perspectiva de inclusão de estudantes com trajetórias de aprendizado que contrastam com as expectativas predominantes, como conceber um projeto de educação superior?
3. Que experiência acumulada poderia servir de base a esse projeto?
José Jorge de Carvalho – Departamento de Antropologia, UnB
Rosângela Araújo – Educação, UFBA
Rosângela Tugny – Música, UFMG
Júlio Tavares – Antropologia, UFF
Sexta-feira, 14 de setembro, das 9h às 12h30
A CULTURA COMO ALAVANCA DO DESENVOLVIMENTO: A ATUAÇÃO DA UNIVERSIDADE
Desde as lutas contra governos autoritários em diversas partes da América Latina nos anos 60, 70 e 80, a ação cultural aparece como chave para a ampliação do espaço democrático e o desenvolvimento socioeconômico, atraindo a atenção e participação de intelectuais universitários. Em décadas mais recentes, ao passo que o Estado vem delineando políticas culturais que almejam democratizar o acesso aos bens culturais, esses intelectuais têm agido em projetos culturais populares, muitas vezes em parceria com o Estado ou com financiamento empresarial, seja estatal ou privado. Esta mesa propõe uma reflexão sobre o papel da universidade no desenvolvimento socioeconômico da sociedade brasileira, a partir das atividades culturais em que esses intelectuais se envolvem.
1. Como avaliar as experiências acumuladas, aí incluindo processos, produtos e formas de financiamento?
2. Qual é a contribuição específica do conhecimento acadêmico na articulação entre cultura e desenvolvimento socioeconômico?
3. Quais os possíveis reflexos de iniciativas culturais visando o desenvolvimento socioeconômico sobre a política local e regional?
Cláudia Pfeiffer – IPPUR, UFRJ
Heloisa Buarque de Hollanda – PACC, UFRJ
Paul Heritage – Teatro, Queen Mary University of London / People’s Palace Projects
Silvia Esteves – Centros Culturais Populares, Prefeitura de Belo Horizonte
Sexta-feira, 14 de setembro, das 14h30 às 18h
MODELOS DE GOVERNANÇA, ACADEMIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
A crescente visibilidade das relações existentes entre políticas governamentais para a cultura e as diversas esferas de ação social a partir de interesses públicos e privados expõe igualmente a participação da área acadêmica nessa relação assentada sobre muitas tensões e embates, diante dos quais é muitas vezes difícil posicionar-se com neutralidade ou distanciamento.
Pergunta-se nesta mesa:
1. É efetivamente possível ao mundo acadêmico manter pressupostos const
itutivos de distanciamento e neutralidade na análise das políticas culturais?
2. Seriam as colaborações propostas por iniciativa do Estado, mercado e sociedade civil um caminho em si promissor de mudança social para algo melhor ou tão somente um meio utilitário de obter aval do mundo acadêmico a ações nem sempre justificáveis no âmbito de um debate efetivamente público pouco ou nada impactantes como fatores de mudança?
3. Seria o caso de o mundo acadêmico empreender autocrítica e superar seus pressupostos atualmente hegemônicos de distanciamento e neutralidade e tomar a si papel mais propositivo? Se for o caso de se tornar mais propositivo, como o fazer sem pretender substituir o papel das demais instâncias envolvidas no debate e ação culturais?
Edson Cardoso – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)
Eliane Costa – PACC,UFRJ
Wanderley Guilherme dos Santos – Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa
Albino Rubim – Secretário de Cultura do Estado da Bahia
Organização do Seminário:
Samuel Araújo – Música, UFRJ & Liv Sovik – Comunicação/PACC, UFRJ
Assistente: Camila Calado Lima – Comunicação, UFRJ
Pesquisadores principais do projeto interinstitucional “Democratização Cultural e Políticas Públicas: um debate interdisciplinar”:
Samuel Araújo – Música, UFRJ (Coordenador)
Adriana Facina – História, UFF
Liv Sovik – Comunicação/PACC, UFRJ
Victor Hugo Adler Pereira – Letras, UERJ
Apoio
CAPES
PACC/FCC/UFRJ
Realização
UFRJ (EM e ECo)
UFF (História)
UERJ (Letras)
Endereços
Sala da Congregação da Escola de Música, UFRJ
Rua do Passeio, 98 – Centro – RJ
(21) 2240-1391 | 2532-4649
Salão Pedro Calmon
Av. Pasteur, 250, 2º andar – Palácio Universitário do Campus da Praia Vermelha.
(21) 2295-2346