O Brasil Dos Gilbertos: Notas Sobre O Pensamento (Musical) Brasileiro. Organizadores: Heloísa de Araújo Duarte Valente e Ricardo Santhiago. São Paulo:Letra e Voz, 2011. ISBN: 978-85-62959-18-9
Será que uma mera coincidência nominal tem algo dizer sobre a cultura brasileira? De acordo com o livro O Brasil dos Gilbertos: Notas sobre o pensamento (musical) brasileiro, sim – e muito. Neste primeiro lançamento da editora Letra e Voz para o ano de 2012, intelectuais (e artistas-intelectuais) são reunidos para discutir as convergências e as peculiaridades de quatro “Gilbertos” brasileiros, que marcam a história da música e da cultura nacionais: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes.
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Organizado por Heloísa de Araújo Duarte Valente e por Ricardo Santhiago, pesquisadores e coordenadores do Centro de Estudos em Música e Mídia (MusiMid), o livro parte dessa proposta “aparentemente despropositada”, nas palavras de José Miguel Wisnik, para desvendar as repercussões desses quatro criadores sobre a música, a cultura e o pensamento brasileiro.
O livro é inaugurado por uma primeira parte que inicia “a viagem de Ulisses” em busca dos trançados entre esses Gilbertos. Nesta parte, intitulada Tranças em torno de um nome, Jerusa Pires Ferreira, José Miguel Wisnik e Paulo de Tarso Salles abordam as convergências entre os quatro Gilbertos que são mote do livro.
A parte 2, Autores e seus traços, oferece um aprofundamento sobre a obra de cada um dos artistas/intelectuais: o historiador José Geraldo Vinci de Moraes escreve Gilberto Freyre, ‘Sobrados e mucambos’ e a música brasileira; o professor Walter Garcia trata de João Gilberto (sobre quem já escreveu o livro Bim Bom: A contradição sem conflitos de João Gilberto), em João Gilberto, a cordialidade e a melancolia da bossa nova; a historiadora e socióloga Simone Luci Pereira oferece um panorama da obra de Gilberto Gil em Entre refazendas, refavelas e refestanças; e, por fim, o compositor Paulo C. Chagas fala sobre Gilberto Mendes (e Willy Corrêa de Oliveira) em Gilberto e Willy: Ética e estética.
Uma (quase) terceira parte encerra o livro com ensaio do músico e professor Rodolfo Coelho de Souza que, em Apocalípticos e desintegrados, parte de declarações de Gilberto Mendes para fazer uma leitura do lugar da canção na cultura brasileira.
Partindo de um tema original e surpreendente, o livro coloca-se como uma importante publicações para os estudiosos de assuntos variados do Brasil contemporâneo: o hibridismo e a mestiçagem cultural, o pensamento antropológico e sociológico, o papel das vanguardas artísticas e intelectuais, a modernidade e a pós-modernidade, a oralidade e a cultura escrita, a obra musical que vai da canção pop à música erudita.