13º Encontro Internacional de Música e Mídia: Outubro de 2017

Em sua 13ª edição, intitulada “Os sons que vemos, as imagens que ouvimos”, o evento reuniu pesquisadores acadêmicos, artistas e profissionais atuantes nessas áreas.

APRESENTAÇÃO
Os sons que vemos, as imagens que ouvimos:
Música e audiovisual

São Paulo, 20 a 22 de setembro de 2017
EM&T – Escola de Música e Tecnologia
ATENÇÃO:
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Passados mais de 100 anos do advento das tecnologias do som, ainda há muito a se conhecer e reconhecer sobre todo o potencial das linguagens sonoras e, especialmente, a música, sobretudo de uma obra audiovisual. A música informa, em forma; é parte constitutiva de diversas linguagens da mídia.
Partimos da constatação empírica de que a música é dominante na vida cotidiana e, dentre as suas variantes, a canção é a linguagem mais presente na paisagem sonora midiática. Sua natureza híbrida aglutina um texto verbal acoplado, que remete a um conteúdo linguístico, portador de uma mensagem específica compreensível, porque arbitrário, convencional. Assim, a música age como um meio dinamizante e catalisador na transmissão da mensagem comunicativa, mesmo se a língua não for compreensível.
Essa característica particular enfatiza a importância da música nos processos comunicativos e suas consequências no meio social. Dito de outro modo, a música exerce um papel fundamental, mesmo quando não composta ou selecionada para ser percebida em primeiro plano. Neste ponto, fazem-se necessárias algumas observações. Sendo a música linguagem autorreferente, fundamentando-se nas próprias referências acústicas, o que ela tem a dizer está no próprio som: frequências, ritmos, timbres… De outro lado, justamente é a autorreferencialidade que permite à música estabelecer vínculos semânticos e mediações comunicacionais e sociais\. Criaram-se códigos específicos apoiando em signos cristalizados pela cultura, como a teoria barroca dos afetos. Mais tarde, a técnica do leitmotiv wagneriano seria absorvida pelo cinema e, posteriormente, pela dramaturgia (radiofônica e televisiva)
A associação da música à cultura midiática inibiu o seu caráter autônomo. Se de um lado, promoveu a intersemiose, sob outro aspecto, tornou-se subsidiária. Lembra o compositor Paulo Chagas que “Enquanto que no século XIX a criação artística audiovisual tinha como referência as grandes obras musicais – tanto a música de concerto como os espetáculos de ópera –, hoje a referência principal é o cinema, no qual a música ocupa uma posição subalterna”.
No mundo contemporâneo em que a visualidade impera, as imagens técnicas levam a música a um papel coadjuvante: basta atentar para o apelo dos espetáculos, de um modo geral e a profusão de aparelhos reprodutores e fixadores de imagens visuais.
Em algumas situações as linguagens sonoras e, particularmente, a música, atuam para serem percebidas, mas não escutadas de maneira consciente. O som atua como (p)arte da narrativa, como já disse o maestro Julio Medaglia, nas peças publicitárias, longas-metragens, temas de abertura de programas (televisivos, radiofônicos e outros), spots, jingles (publicitários, políticos).
As imagens, por sua vez, nutrem-se do olhar. Sendo o ato de olhar uma atividade do corpo, este acaba por se transformar em alimento das imagens, lembra o teórico Norval Baitello, a respeito da iconofagia: “Quanto mais vemos, menos vivemos, quanto menos vivemos, mais necessitamos de visibilidade. E quanto mais visibilidade, tanto mais invisibilidade e tanto menos capacidade de olhar”.
Em síntese, para além de uma oscilação entre a prevalência de uma linguagem sobre a outra, o que se poder verificar é a natureza em comum: o visível e o audível. No domínio destas linguagens – sonoras e visuais – vão surgindo novas derivações híbridas que exigem, por conseguinte, novas formas de sensibilidade e aptidão cognitiva, tal é o caso de composições para games. E estas formas de perceber e assimilar códigos novos demanda novas formas de consumo, interações e vinculações, o que supõe a distribuição de conteúdos, formas de circulação, mediações e construção de gostos, identificações etc.
Este 13º Encontro propõe, assim, uma ampla discussão sobre as linguagens audiovisuais e suas formas de consumo e circulação social convida os interessados a participarem das discussões, como ouvintes ou propondo comunicações, dentro dos eixos temáticos, a seguir:
Eixos temáticos
Do som que vemos à imagem que ouvimos: Inúmeras cosmogonias relatam a inauguração do universo a partir de um som poderoso, relacionado a manifestações da natureza. Essa forma de associação simbólica foi transferida para a decodificação de outros eventos sonoros, transferidos para a música: A sinestesia a associação semântica passou a ser uma das habilidades do compositor, da “teoria dos afetos” à contemporaneidade. Quanto à imagem, as pinturas rupestres já registram o mundo circundante, mas mudo. As preocupações entre correspondências entre a música- assim como as demais linguagens sonoras – e as visuais ganham força com o surgimento das mídias. Este eixo pretende abordar situações em que a música “quer dizer algo”, mas relacionada formalmente com as linguagens visuais.
Música, audiovisualidades e mediações: Questões que envolvem mercados e economia política tanto do mainsntream como dos novos arranjos e novos atores nos processos de produção audiovisuais como videoclipes, peças publicitárias, telenovelas, cinema, videogames, entre outros produtos da cultura midiática. Este eixo contempla também estudos de recepção, fãs e práticas de consumo (material e simbólico) de produtos audiovisuais, bem como as tecnicidades envolvidas nestes processos.
Abordagens metodológicas e criação: Este eixo pretende dar voz e vez aos estudos relativos às linguagens audiovisuais, através de apresentação de propostas criativas e novas perspectivas teóricas sobre o tema, além das poéticas da linguagem. Serão aceitas as propostas descritas em formato texto de sua realização audiovisual, ou mesmo propostas de texto descrevendo tais formas metodológicas de aproximação às linguagens audiovisuais.
Cerimônia de abertura
Apresentação Zé Renato