Eixos temáticos
1) A memória pela música:
Devido à sua auto-referencialidade, a música deixa-se perpassar pelas várias instâncias do tempo, do espaço, da subjetividade. Torna-se meio privilegiado para intervenções de ordem psicológica, neuronal, dentre outras. De sua parte, a memória extrapola a capacidade humana de gerar e guardar signos: trata-se de um processo sociocultural. Mas, para que ele ocorra, subsistem dados de natureza biológica. Das lembranças aos traumas vinculados a experiências sonoras e musicais, há uma série de processos cuja origem se dá no plano do indivíduo, bem como da coletividade. Em que medida a rememoração pode conduzir a processos de cura ou patologias? Da musicoterapia à tortura psicológica, um amplo espectro de possibilidades passa pela memória pela música. Este eixo temático propõe um debate, incluindo especialistas em ciências cognitivas, neurologia, musicoterapia e áreas afins.
2) A música como memória:
O compositor Igor Stravinsky afirmou, certa vez, uma frase de impacto: a música não quer dizer nada além da sua própria linguagem, sua materialidade. Justamente por essa razão, pode ser veículo de qualquer coisa ou ideia: como trilha sonora, catalisa a ação cênica; como spot ou jingle vende produtos e bens, também acompanha atividades prosaicas do dia a dia etc. A música também simboliza: experiências impactantes e inesquecíveis em nível pessoal ou coletivo. Este eixo temático pretende debater as diversas situações em que a música tem o poder de criar, transmitir, preservar a elementos da cultura, a partir de experiências de vida e seus contextos socioculturais, ao longo dos séculos.
3) A música memorável:
No imenso conjunto de obras musicais que foram compostas ao longo do tempo, uma parte delas é considerada memorável, ao passo que outras caíram no esquecimento. As razões podem ser encontradas nas complexidades do signo musical e nos signos culturais. Posto que a cultura é o processo de seleção, composto inclusive pelo esquecimento, que determina o que permanece e o que é desprezado, faz-se imperativo analisar: quais os critérios que se impõem, nos diversos períodos da história, e como eles interferem no processo de memorização/esquecimento?
4) A memória da música:
A música, na condição de linguagem artística, tem sua história em boa parte possível graças aos meios de registro, sua catalogação, conservação, transmissão e acesso, ao longo do tempo. Contam a história da música as partituras, os discos e fonogramas, mas também os relatos de pessoas contemporâneas ao surgimento das obras. Mais tarde, contam também as leituras e interpretações de todo esse material histórico. Este eixo tem como diretriz discutir: 1) a importância da matriz que fixa o signo musical (“suporte”); 2) os critérios de seleção dos itens a serem arquivados itens a serem arquivados epor conseguinte, preservados ou descartados; 3) o papel da música nos acervos musicais e discográficos; 4) a memória e a história da música tal qual estudada e apresentada pelos profissionais nela interessados.