Caros leitores, acompanho algumas listas de discussão e este comentário de Dino Magnoni merece chegar a todos os interessados nos temas relativos à mídia e performance. Com a gentil autorização do autor, reproduzo o comentário publicado no dia 25 de março:
“A morte do Chico praticamente encerra uma geração de artistas pioneiros do humor, da dramaturgia, de animadores de auditório que fizeram a transição do rádio para TV e praticamente deram forma ao novo veículo. Aliás, a simbiose rádio-tv, a transição entre os dois veículos nas décadas de 50, 60 e 70, ainda é uma história mal estudada e mal contada no Brasil. Nós temos pesquisas e publicações esparsas e pragmáticas, que não revelam toda a extensão da trama cultural, política e econômica, que foi urdida pela “radiodifusão sonora e de sons e imagens” durante aquelas três décadas emblemáticas, cruéis e decisivas para a vida cotidiana e para a história brasileira. Creio que temos conseguido realizar poucos trabalhos interdisciplinares de fato, do tipo História da vida privada no Brasil. Seria bom pensar em algo assim, até para sairmos do binômio maniqueísta “comunicação crítica/comunicação integrada”, que termina por imobilizar a perspectiva de construirmos sistemas nacionais de comunicação para serem utilizados como ferramentas sociais de emancipação, e não apenas como instrumentos de entretenimento, de consumo e de reprodução e conservação das hegemonias dominantes, regionais ou nacionais.
Pessoalmente, eu respeitava os fabulosos talento e fôlego criativo do Chico, combustível tão escasso nos dias de CQC, mesmo considerando-o um reacionário com tantas manifestaçõespessoais e artísticas claramente elitistas, sexistas e até racistas. No entanto, isto já é outro debate….”